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Vila Isabel - Praia Vermelha

Acho que, antes de pensar propriamente sobre o que os encontros dessas aulas me suscitaram, é válido fazer uma tentativa de revisitar os motivos pelos quais escolhi a disciplina em questão. Sou da graduação de psicologia, e talvez num primeiro momento existam algumas distâncias entre essas áreas. Porém, tenho um grande interesse sobre as temáticas da infância e juventude contemporâneas, e muito da minha trajetória na faculdade me levou para o pensamento e a atuação acerca de um campo que está atrelado a esses sujeitos: a escola. Foi nessa perspectiva que escolhi buscar alguma disciplina da pedagogia, muito no sentido de tentar aprofundar algum conhecimento/noção/teoria sobre a escola, a relação entre crianças, professores, e por aí vai. Talvez a questão da tecnologia tenha entrado como um “bônus”, uma oportunidade de pensar e estudar a escola sob um viés da tecnologia - a partir de alguma problematização, consideração ou ressalva sobre essas ferramentas no campo escolar. Penso que isso seja interessante, justamente porque, desde o início, o curso provocou alguma ruptura, uma certa quebra de sentido ou expectativa do que eu esperava ver. Em verdade, esse campo da tecnologia, ou o conceito em si, é algo muito vasto, então muita coisa poderia ser abordada (então, de certo modo, desde cedo coloquei as ânsias de lado). Mas a proposta da disciplina foi interessante, na medida em que se distanciou do que costumamos ver - ou, pelo menos do que se costuma ver nas disciplinas de psicologia.

Fico com uma sensação ainda muito presente de que os textos e o conteúdo inicial da disciplina me fizeram refletir muito sobre o que podemos considerar enquanto dispositivo tecnológico em uma escola. Pensar nos corpos ali presentes enquanto tecnologias, nos cadernos e mesas e cadeiras, no quadro negro, enfim, objetos e recursos tão comuns à escola que, na minha percepção, estavam longe de serem tecnológicos. E, confesso, senti falta de mais textos durante o curso, embora entenda que a proposta se diferenciava justamente de um processo mais tradicional de uma disciplina. Se há algo mais que ficou, após ter feito o curso, foi o entendimento de que o que realizamos fez e faz parte de um processo, uma caminhada. Enfim, há algo de uma dimensão do inesperado, esse se jogar ao mundo, sem dados prontos ou pré-formatados, que se fizeram muito presentes (embora para mim, muitas vezes, parece um processo muito custoso). É difícil, para mim, dizer sobre reflexões a respeito de uma formação enquanto professor. Mas, pensando sobre o que a disciplina me fez refletir em relação à escola, penso que essa instituição também se vale desse processo, dessa longa caminhada, que requer o encontro com o outro, com o inesperado ou o diferente; enfim, com aquilo que se vai construindo com o outro, sem uma delimitação já pronta. É sempre um risco, mas é um risco que vale a pena ser corrido.

Cartografia Sonora: Captação do nosso espaço durante a pesquisa
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