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Capitalismo de vigilância

por Adriana Fresquet

Esta expressão é usada e popularizada pela professora emérita Shoshana Zuboff, significando um novo gênero de capitalismo que monetiza dados adquiridos por vigilância, por controle digital, via modernos equipamentos pessoais de comunicação que estão completamente dominados pelas grandes corporações norte americanas do Vale do Silício na Califórnia. Segundo ela, essa ideia foi descoberta e consolidada pelo Google, sendo que ela e o seu respectivo capitalismo de vigilância poderiam ser comparados ao impacto da chegada das grandes corporações do mundo automotivo, Ford e General Motors, bem como a chamada produção em massa e o capitalismo gerencial.

Neste documentário, a professora Zuboff nos dá uma ideia bem clara, nesta entrevista, o que é e como se dá este moderno meio de controlar e decodificar os comportamentos dos consumidores através dos equipamentos de comunicação de massa dos últimos tempos. E isso é feito de tal forma, com seus algoritmos, que nenhum de nós nos apercebemos de como este processo passa a determinar nossos comportamentos de consumidores em nosso dia a dia. Parece que o tema central do livro de George Orwell, 1984, se consolida, sem a explicitude dos equipamentos no dia a dia dos personagens na descrição no livro. Hoje os personagens somos nós, mostrando que o Big Brother já convive conosco, controlando-nos e nos direcionando, diuturnamente.

Neste documentário, Zuboff levanta a cortina do Google e do Facebook e revela uma forma impiedosa um modo capitalista de ser das corporações, no qual não é o recurso natural que é explora e espoliado, mas o próprio cidadão é que serve como matéria-prima.

E surge então a grande inquietação, ainda inconsciente na maioria da sociedade planetária: como os cidadãos podem recuperar o controle de seus dados?

Mas como isso chega, de mansinho, na vida de cada um de nós?

Estamos em 2000, e a crise do dot.com causou feridas profundas. Como a startup do Google sobreviverá ao estouro da bolha da Internet? Os fundadores Larry Page e Sergey Brin não sabem mais como mudar a maré. Por acaso, o Google descobre que os “dados residuais” que as pessoas deixam para trás em suas pesquisas na Internet são muito preciosos e negociáveis.

Esses dados residuais podem ser usados para prever o comportamento do usuário da Internet. Os anúncios na Internet podem, portanto, ser usados de maneira muito direcionada e eficaz. Nasce um modelo de negócios completamente novo: “capitalismo de vigilância”.

Adriana Fresquet

Disponível em: https://diplomatique.org.br/um-capitalismo-de-vigilancia/. Acessado em: Out. 2020.

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