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Influencer

por Ana Carolina Martins e Thaís da Silva Dias Ferreira 

    Você influencia ou é influenciado? Essa pergunta se relaciona muito com a nova era digital em que estamos vivendo. Os influencers, ou os influenciadores digitais, são pessoas que conseguem influenciar outras pessoas a tomarem decisões, seja estilo de vida ou consumo. Eles usam as redes sociais como Facebook, Instagram, YouTube, blogs, para publicar conteúdo relevante para seu público. Podem trabalhar com nichos muito específicos, como cozinha profissional ou empreendedorismo, mas também assuntos mais gerais como viagens, saúde, beleza, entre outros.

    Segundo pesquisa do “Youpix”, há mais de 230 mil influenciadores ativos. A força da internet é que o aumenta o poder de influência que essa galera tem. E essa força está cada vez maior, pois a cada 11 segundos um novo usuário entra em alguma rede social.

  De modo geral, a relação de influência social – estudada por psicólogos desde, pelo menos, o século XVIII – é caracterizada quando as ações de uma pessoa condicionam as ações de outras (GOUVEIA, 2013). No entanto, as relações de influência acontecem desde que o homem passou a se organizar em sociedade, mas certamente, o aparecimento do digital potencializou essas relações. Contudo, não há como deixar de estabelecer conexões com os conceitos de identidade e atenção, que muito podem contribuir para essa discussão (Se quiser saber mais, acesse a entrada desses verbetes neste abecedário). 

    Um primeiro aspecto da relação de influência é a atração. O influenciador digital trabalha para “atrair” seguidores, num processo de exposição de si em que revela sua identidade virtual ao público. Entretanto, esta identidade é forjada e adaptada ao público alvo e, não corresponde a quem, de fato, aquele influenciador é. O objetivo desta exposição é produzir atração. Este é o ponto chave mais precioso e mais valorizado no novo mercado (KARHAWI, 2016).

    Um segundo aspecto que liga a relação estabelecida entre os influenciadores e seus seguidores é algo bastante precioso no mundo contemporâneo: a atenção. E ao entrarmos nessa questão não podemos deixar de mencionar sobre o que tem sido denominada “Economia da Atenção” (CITTON, 2016; CRARY, 2014; DAVENPORT, BECK, 2001; GOLDHABER, 2017). Sem dúvida, a velocidade das informações, a quantidade de dados, imagens, textos, vídeos e a constante demanda que temos para reagir, compartilhar e responder nas redes sociais modificou nossa atenção. Entretanto, mais do que alterar nossa capacidade atencional, essa mudança vem acompanhada de uma crescente monetização da atenção [...] Nesse processo, a atenção é transformada numa espécie de moeda valiosa, capaz de produzir riqueza para aqueles que investem nesse “capital” (RIAL, 2020). 

       Mas de que modo podemos pensar a educação nesse contexto? 

 

A educação na contemporaneidade contempla um cenário de mudanças provocadas pela inserção massiva dos recursos propagados pela cibercultura. São linguagens, hipertextos, conexões contínuas e convergências na produção de saberes que enriqueceram o processo de ensino-aprendizagem, favorecendo a construção de um cenário criativo que potencializa a necessidade de incorporação entre as aprendizagens formais, não-formais e informais.

(ANDRADE; MELO; MOTA; 2019, p. 4)

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    As transformações anunciadas pela cibercultura trazem consigo a autonomia no contexto de um letramento digital, que nos habilita à leitura e à escrita no ambiente virtual, proporcionando uma significativa alteração nos espaços escolares, como, por exemplo, a sala de aula, a biblioteca, os laboratórios de estudos, dentre outros, que destinados à construção do aprendizado. A partir dessa percepção as relações culturais no ciberespaço ultrapassam os muros da escola e possibilitam um maior estreitamento entre a educação formal e a própria sociedade, pois, essa distância foi reduzida a apenas um clique. Freire (2018, p. 96) compreende que a “educação é uma forma de intervenção no mundo”, e num esforço conjunto, através das vias digitais, professor e aluno podem intervir na sociedade como sujeitos de verdadeira transformação. Mas, na prática, como isso pode acontecer? 

     A agência Airfluencers (uma plataforma que atua no segmento de digital influencer) atuou na curadoria do prêmio Influenciadores Digitais 2019, sendo destinado a premiar profissionais de diversos segmentos do mercado que atuam nas redes digitais. A premiação destacou uma categoria específica, aquela composta pelos influenciadores digitais na “Educação”, tendo sido selecionados os seguintes profissionais: Biologia, com o Prof. Jubilut (https://www.biologiatotal.com.br/); Débora Aladim (Facebook, Instagram e YouTube); Descomplica (https://descomplica.com.br/home/b/); Kennedy Ramos (https://www.bioexplica.com.br/); Luana Carolina (https://www.studies.com.br/); Matemática com Procópio (https://matematicario.com.br/sobre) (SAMPAIO, 2019, p. 02).

     O Governo de Estado de São Paulo, através da Secretaria de Educação, promoveu em 2017 a premiação a “Educação nas Redes: Novo Influenciadores Digitais”, que premiou o trabalho de pessoas engajadas na educação, tendo como destaque o professor Pedro Real Neto, da E.E. Santos Amaral Cruz, na Zona Leste de São Paulo, que com o seu canal “Pô Bixo – Matemática”, foi eleito o melhor conteúdo na categoria “Disciplinas, Professores e Servidores”, com 56% dos votos (GOVERNO DE SÃO PAULO, 2017).

      A educação em ambiente virtual, de acordo com Moreira et al (2017, p. 88) traz repercussões na função do professor, exigindo-lhe o desenvolvimento de competências mais complexas:

Há, portanto, a necessidade do conhecimento científico-pedagógico, aliado ao domínio da tecnologia e dos seus recursos, e esses requisitos são aplicáveis à formação do digital influencer, potencializando no professor a sua inserção nesse segmento do mercado de trabalho.

(ANDRADE; MELO; MOTA; 2019, p.7)   

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Referências Bibliográficas:

Disponível em: https://klickpages.com.br/blog/influenciadores-digitais <Acesso em 11 de novembro de 2020>

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ANDRADE, D. C. M.; MELO, L. J. F.; MOTA, M. F. Seria o educador um digital influencer para a difusão de saberes na cultura ciber? II Encontro Regional Norte-Nordeste da ABCiber. Disponível em:  https://eventos.set.edu.br/abciber/article/download/12611/5033. Acesso em: 11 maio 2021.

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FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 56. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra. 2018

 

GOUVEIA, V. V. Teoria funcionalista dos valores humanos: fundamentos, aplicações e perspectivas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2013.

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KARWAHI, I. Influenciadores digitais: o eu como mercadoria. In: SAAD, E; SILVEIRA, S. Tendências em comunicação digital. São Paulo: ECA/USP, 2016.

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MOREIRA, J. A.; HENRIQUES, S.; GOULÃO, M. F.; BARROS, D. Docência online no ensino superior: qualidade e inovação em territórios digitais e redes sociais. In. PORTO, Cristiane; MOREIRA, J. António. Educação no ciberespaço: novas configurações, convergências e conexões. Aracaju: EDUNIT, 2017.

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RIAL, G. A disputa pela atenção: influencers e educação. Revista de Pastoral da ANEC, ano V, n 8, 2020.

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SAMPAIO, P. Prêmio Influenciadores digitais, com curadoria da Airfluencers, indica os perfis mais relevantes do Brasil. Set/2019. Disponível em: Airfluencers - Prêmio Influenciadores Digitais - os maiores influencers do Brasil . Acesso: 11 maio 2021.

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SÃO PAULO. Governo de Estado de São Paulo. Secretaria da Educação. Novos influenciadores digitais da Educação são premiados na sede do Google. 2017. Disponível em: Novos influenciadores digitais da Educação são premiados na sede do Google - Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (educacao.sp.gov.br). Acesso em: 111 maio 2021.

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