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E-book

por Ana Carolina Martins

   E-book é mais um, entre tantos, anglicismos que adotamos na nossa língua. É uma abreviação do termo em inglês, eletronic book e traduzindo ao português seria livro eletrônico/digital. Pode ser lido através de um aparelho portátil chamado Ebook Reader, um dispositivo feito especificamente para a leitura do livro digital ou por um computador, Ipad, tablete e smartphone.

   Mas nem sempre foi assim, desde que o homem inventou a escrita como um código compartilhado para comunicar ideias e pensamentos e começou a agrupá-los no que mais tarde seria conhecido como livros, um grande processo transformador começou para a comunicação humana. Os livros, ao longo do tempo, sofreram pelo menos quatro grandes mudanças.

   A primeira delas ocorreu quando passaram da escrita em pastilhas de barro para a escrita em rolos de papiro. O segundo corresponde à substituição do papiro e pergaminho (em pele de animal), que tinham de ser desenrolados para ser lido, pelo códice ou livro quadrado. Isso facilitou a consulta do conteúdo, foi possível agrupar uma maior quantidade de texto, o transporte e o armazenamento foram melhorados e, graças às capas que os cobriam (encadernação), eles puderam ser preservados por um período mais longo.

   A terceira mudança ocorreu quando se colocou em funcionamento sua impressora do tipo móvel. A partir de então, graças às grandes tiragens viabilizadas pela impressora, os livros, como os conhecemos hoje, tornaram-se gradualmente acessíveis e muito populares. Levou mais de quinhentos anos para que o quarto elo da cadeia evolutiva do livro aparecesse, assim a Declaração de Independência dos Estados Unidos, hoje há milhares de títulos (BIBLIOTECA NACIONAL, 2020).

   No entanto, já há algum tempo, há discussões controversas sobre se chegou a hora de eliminar o papel das/nas instituições educacionais ou não. Houve uma proposta elaborada pela UNESCO e pelo Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e Caribe (CERLALC), em que sugeriram a transição de livros físicos para livros eletrônicos, com o objetivo de garantir a inserção dos países para as tendências tecnológicas atuais e novas (2011).

   Na área da educação, o Plano de Ação sobre a Sociedade da Informação para a América Latina e o Caribe (eLAC2015), elaborado pelo CEPAL em 2010, sugeriu o uso das TIC como instrumentos para o desenvolvimento e inclusão social, com uma prioridade: universalizar o acesso e expandir o uso das TIC para a América Latina e o Caribe.

   A existência de políticas de TIC tem sido, e continua a ser, uma condição necessária para a integração das tecnologias digitais nas instituições educacionais da América Latina. Quase todos os países do continente têm políticas formais nesta área, que começaram no início dos anos 2000 com a instalação de infraestruturas tecnológicas em centros educativos (SUNKEL, 2006).

   Contudo, a informação mais recente que temos do Ministério da Educação (MEC) a respeito desse tema é sobre 2019, em que:

No edital do PNLD 2019 também estava prevista a aquisição de livros digitais acessíveis no formato EPUB3, tecnologia que permite a produção de livros digitais com vários recursos de acessibilidade, além da possibilidade de inclusão de vídeos, áudios, audiodescrição, exercícios interativos, links internos e externos. O material com esse formato também está sendo distribuído para as escolas de todo o país, permitindo ao aluno instalar o conteúdo em tablets, celulares e computadores.

(PORTAL MEC)

 

  Na realidade, no entanto, não há uma correlação com essa previsão postulada pelo MEC, já que ainda vemos a precariedade de uma infraestrutura básica em muitas instituições de ensino e o pouco que há dessa infraestrutura não comtempla acesso à internet, nem a livros digitais. Todavia há um longo caminho a se percorrer.

   Então, como pensar de maneira prática a inserção dos e-books nos ambientes educacionais? O primeiro caminho é que a inserção de livros digitais pode tornar a leitura mais acessível, podendo ser mais rápida e intuitiva, já que as crianças crescem rodeadas por tecnologias. Inclusive, é possível o acesso a mais de uma obra de diferentes temas para expandir o conhecimento. O segundo é oferecer interatividade e diversidade na medida em que os professores planejem aulas mais dinâmicas e produtivas, realizando discussões e atividades interativas com os livros. Além disso, os e-books podem abordar os conteúdos em outras formas de apresentação, como vídeos, jogos e animações. E por último, auxiliar no letramento digital das crianças, levando-as a utilizar as tecnologias de forma responsável e produtiva (DOM BOSCO, 2021: s/p).

  No entanto, cabe afirmar que o intuito aqui não é o uso de livros digitais em detrimento dos livros físicos, mas sim o uso equilibrado dos dois recursos; até porque com uma geração totalmente tecnológica, é importante que haja esse resgate e cultivo ao apreço pelo livro físico, que se conservem/instalem bibliotecas nas escolas e que as crianças possam continuar tendo essa oportunidade.  

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Referências bibliográficas:

BIBLIOTECA NACIONAL. História do Livro: o Códice e o Pergaminho. Disponível em: <História do Livro: o Códice e o Pergaminho | Biblioteca Nacional (bn.gov.br)> Acesso em: 05 jun 2021.

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CEPAL. PLAN DE ACCIÓN ELAC 2015. Plan de acción sobre la sociedad de la información y del conocimiento de América Latina y el Caribe. [S.l.]: CEPAL Naciones Unidas, 2010. Disponível em: <eLAC2022 | Proyecto/Programa | Comisión Económica para América Latina y el Caribe (cepal.org)> Acesso em: 26 maio 2021

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DOM BOSCO 2021. Disponível em: <Como os livros digitais contribuem para o aprendizado das crianças (dombosco.com.br)> Acesso em: 28 maio 2021

 

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Disponível em: < PNLD - Ministério da Educação (mec.gov.br)> Acesso em: 05 jun 2021.

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SUNKEL, Guillermo. Las tecnologías de la información y la comunicación (TIC) en la educación en América Latina: una exploración de indicadores, n. 125. [S.l.]: United Nations Publications, 2006. Disponível em: <http://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/6133/S0600907.pdf?sequence=1> Acesso em: 28 maio 2021.

 

UNESCO Y CENTRO REGIONAL PARA EL FOMENTO DEL LIBRO EN AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE, CERLALC. Manifiesto sobre el libro electrónico. 2011. Disponível em: <http://www.cerlalc.org/Manifiesto_Esp.pdf> Acesso em: 26 maio 2021.

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